sexta-feira, 25 de junho de 2010

Por que ser ativo?


Por Wilson Jacob Filho
Muitos, se não todos os avanços tecnológicos têm por objetivo principal “facilitar a nossa vida”. Cada vez que o conseguem, são rapidamente incorporados ao cotidiano.
Inicialmente tornam-se objeto de desejo e em curto espaço de tempo penalizam socialmente quem não os possui. Assim foi com o automóvel, o elevador, as maquinas de lavar (roupa, louça, carros), o controle remoto, o computador e assim continuará sendo com tudo o que ainda está por vir.
Dentro de cada uma destas conquistas, novas conquistas. Os automóveis, por exemplo, tinham manivelas para acionar o motor e para movimentar os vidros. Os elevadores possuíam portas manuais.
Vitrolas, relógios e telefones , necessitavam que “se desse corda”. Estes mesmos equipamentos são, hoje, infinitamente mais versáteis e mais confortáveis que os de outrora e serão, certamente, considerados
obsoletos em menos de uma década, quando outros muito mais sofisticados existirão.
Nada contra o progresso. Muito pelo contrário. Almejamos cada
qual destas aquisições e delas nos beneficiamos em cada fase das nossas vidas. Portanto, bem vindas sejam.
Devemos, porém, estar atentos para um inexorável efeito deletério desta evolução: ela determina cada vez menor necessidade de
contrair músculos. Em outras palavras, do ponto de vista funcional temos, a cada dia, uma opção mais sedentária de vida.
Calcula-se que o ser humano que desfruta destas benesses gaste, em média, 250 quilocalorias a menos, por dia, quando comparado ao que o faria há três décadas (2). Não é difícil calcular a economia calórica mensal ou anual do homem moderno. Como o consumo alimentar não se reduziu proporcionalmente, o efeito imediato deste progressivo imobilismo é uma verdadeira epidemia de obesidade que se tornou um dos principais problemas de saúde pública em praticamente todos os
perfis sociais ou etário.
Quem poderia imaginar, tempos atrás, que teríamos que nos preocupar com o sedentarismo infanto-juvenil. Hoje sabemos como é importante a orientação dos pais e clientes neste tema. Estudos demonstram que há nítida correlação entre o tempo despendido diante de uma tela (televisão ou computador) e o peso corporal nesta fase da vida.
Com o passar dos anos, porém, a inatividade torna-se um problema ainda mais grave, por pelo menos três fatores peculiares:

Por ser considerada erroneamente um hábito recomendável para
quem envelhece, a fim de evitar quedas ou outros tipos de acidentes, fomenta-se a inatividade como forma de proteção, ´principalmente dos idosos moradores em grandes centros urbanos.
Porque a perda de massa muscular (sarcopenia), que normalmente decorre da senescência, pode atingir graus incapacitantes quando agravada pelo sedentarismo.
Por serem muitos os fatores que favorecem a imobilidade e outros tantos que desestimulam a prática de Atividade Física por idosos. Entre eles salienta-se a desinformação e a escassez de espaços minimamente adequados para este fim.
O cenário, porém, não é de todo trágico neste sentido.
Estamos com uma perspectiva mais favorável do que tínhamos no passado. Vê-se luz no fim do túnel. Há cada vez mais estudos mostrando os benefícios da Atividade Física em prol do Envelhecimento Saudável. Isto faz com que os profissionais passem a dar maior ênfase ao aconselhamento deste hábito, seja para seus clientes, seja para si
mesmos.
Por outro lado, as recomendações atuais favorecem muito as atividades de cotidiano que, quando realizadas regularmente, mostram os mesmos efeitos das esportivas. Andar ou subir escadas (substituindo veículos e elevadores), dançar, jardinar, jogar bocha, malha ou sinuca podem, quando somarem 3 a 4 horas semanais, divididas em 3 ou mais sessões, equiparam-se aos benefícios da maior parte das atividades tradicionais .
Quando são necessárias exercícios ou atividades específicas, para tratamento de uma doença ou de uma limitação específica, deve-se escolher a estratégia adequada para este fim. Também neste campo,
felizmente, o empirismo cedeu espaço ao conhecimento científico e a
orientação profissional deve ser procurada.
A Atividade Física, apesar das suas inesgotáveis vantagens, não pode ser considerada uma forma isolada de Promoção do Envelhecimento Saudável, muito embora seja essencial para todas as demais que a ela se associam. Não há como negar que o idoso fisicamente ativo se alimenta melhor, tem hábitos de vida mais regulares, doenças melhor controladas e relacionamento social sensivelmente ampliada em relação aos sedentários.
(Texto retirado do artigo Atividade física como fator de proteção da saúde do idoso-www.gerosaude.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário